Essa questão de maternidade

Flora Borges
2 min readMay 23, 2021

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Liliana e sua irmã Mani conversam em sua casa enquanto tomam café.

‘E aí, o que está achando dos grupos que a Iza te passou? Estão ajudando?’ pergunta Liliana.

‘Que fria, saí de todos. Misericórdia, a maternidade é um mar de furadas sem fim que a gente se joga. Primeiro, foi aquele grupo presencial horrível que você me falou pra ir. Bem senso comum, toda vez que chegava lá, achava que tinha entrado num portal e saído em 1920. Depois, a Iza me passou esses grupos online. Ela disse que eram “sensacionais”, que eu ia adorar. Um deles se chamava "Sororidade". Só pra dar uma de in, que é bonito, que tá na moda ser assim e tal, porque parecia mais um concurso pra saber quem é a mãe que se auto flagelava melhor, isso quando não rolava uma apontação de dedo pra alguma mãe que falava, entre outras coisas, que fez furos na chupeta da filha pra ela largar de usar. Nossa, que horror, isso é tortura psicológica. Depois de um tempo vi que o grupo só existia pra vender sling, pras mães “influencers” descolarem uns likes nas suas redes e para roubarem textos escritos pelas mães do grupo e colocarem no Insta como se fossem delas, e pras tais das coaches de mães, olha esse nome, venderem algum “curso” ou “assessoria” pra alguma desavisada de plantão. Sai fora. Se eu depender disso pra melhorar, eu prefiro ficar mal’.

Que pena que você não conseguiu se encaixar, acho super importante esse contrato entre mães. Por que você não procura um psicólogo então? Sei lá, só pra desabafar.’

‘Meu gatinho e minhas amigas que não tem filhos me ajudam muito mais. Quem dera eu tivesse descoberto isso antes. Caramba, esse bolo se chocolate que você trouxe tá incrível, vou pegar mais uns 5 pedaços’, diz Mani com um sorriso.

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